Meltdown, shutdown e burnout
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Meltdown, shutdown e burnout

Olá, obrigada por estar aqui novamente, lendo sobre nossa história.

Você pode ler os textos já publicados na sequência que preferir, pois um não depende do outro, porém não deixe de ir visitar as publicações anteriores. No final desta página haverá o link dos anteriores para facilitar sua navegação.

Estas três palavras são termos trazidos do inglês, cada uma pode ter mais de um significado dependendo do contexto em que ela é aplicada. Estes teremos são utilizados no autismo para nomear algumas situações de crises, ocasionadas por reação à sobrecarga sensorial, emocional, estresse ou ansiedade.

O meltdown, são colapsos ou crises nervosas aonde ocorre uma perda temporária do controle emocional. Como reação, a pessoa pode ter choros repentinos e descontrolados, fazer movimentos repetitivos de forma muito intensa, gritar, e às vezes pode chegar a cometer auto-agressão, como se arranhar, se morder, bater a cabeça na parede. Também podem agredir pessoas que estiverem próximas no momento da crise. Geralmente esse tipo de crise ocorre quando há alguma frustração, estresse, mudança da rotina ou hiperestimulação. É importante ressaltar que durante uma crise a pessoa não tem nenhum controle sobre suas ações e, para ajudá-los, é necessário pensar antes de agir e com cautela para não agravar a situação.

Já o shutdown, que é uma linguagem geralmente encontrada na informática, refere-se ao comando de desligar o sistema. Um autista quando passa por este tipo de crise, pode parecer estar totalmente ou parcialmente distante do presente, com o "olhar longe" ou "vazio", a respiração se altera se tornando mais rápida ou mais lenta, não responde à comunicação e pode preferir se isolar ou, em alguns casos, até deitam no chão, ficando imóveis. Também pode ocorrer do autista estar em um ponto que não consegue se retirar do lugar ou da situação que está causando a crise, ele perde essa capacidade momentaneamente. Diferentemente do Meltdown, o comportamento é involuntário, as emoções não são externalizadas, porém ambas causam muito sofrimento para a pessoa em crise.

O burnout é um termo que tem aparecido nas mídias com um pouquinho mais de frequência, ocorre quando há exaustão a longo prazo, esgotamento físico e mental intenso, e causa o desinteresse ao trabalho, e ou, a atividades que antes lhes davam prazer. Geralmente os autistas com burnout perdem o interesse em lidar com situações estressantes, evitando ao máximo. Os sintomas desta crise é similar à depressão, e por muitas vezes pode ser confundida com ela. No autista essa crise é o que normalmente é chamado de regressão, pois a pessoa perde o interesse em executar suas tarefas e também a habilidade em lidar com situações estressantes. Algumas reações como explosões de tristeza ou de raiva podem ocorrer quando há esta crise, que é associado quando o autista se esforça muito em imitar uma pessoa típica.

As crises, que normalmente ocorrem nos autistas, são justamente por essa sobrecarga sensorial ou emocional, eles suportam muito menos do que uma pessoa típica aos estímulos que podem ser por tato, olfato, paladar, audição, visão e social, este último ocorre quando a pessoa é exposta a uma situação em que precisa socializar, sabemos que essa é uma área aonde há perda de habilidade para se enquadrar dentro dos critérios para diagnóstico de autismo, em uma situação de socialização mais forçada, a pessoa tem que interagir e usar habilidades sociais comuns para pessoas típicas, porém para os autistas, o esforço para se portar de forma social é muito grande, e isso pode ocasionar uma crise. A crise emocional, ocorre quando eles precisam lidar e processar emoções, é muito difícil pra eles entenderem o que eles estão sentindo, e muito mais difícil processar o sentimento dos outros, por isso o mito de que o autista não tem empatia social, mas vou falar deste mito em outro post. As crises podem ocorrer por diversos motivos comuns do dia a dia de qualquer pessoa, como por exemplo, querem muito algo e não sabem expressar, então ao não serem atendidos entram em crise, excesso de barulho, luzes, estímulos sensoriais na qual o autista gosta e pode ser muito pior se o estímulo sensorial for com algo na qual eles não gostam.

Todos os autistas apresentam transtornos sensoriais, porém pessoas típicas ou com outros tipos de transtornos ou síndromes, também podem apresentar transtornos sensoriais, ou seja, não é exclusivo do autismo, há o transtorno sensorial quando a pessoa reage de forma diferente e inadequada ao estímulo. A pessoa pode apresentar mais de uma forma de transtorno de processamento como ser hipo-reativo, hiper-reativo ou buscador sensorial, o hipo-reativo não sente o estímulo, por exemplo, ao tocá-lo é como se ele não sentisse o toque, o hiper-reativo é quando a reação ao estímulo é muito mais exagerado ou intenso, por exemplo, luzes e barulho, suportáveis para qualquer pessoa para eles são insuportáveis. Já o buscador, são aqueles que buscam a sensação do estímulo, também de forma diferente das pessoas típicas, por exemplo, gostam de atividades que dão uma carga sensorial maior, gostam muito do toque, do cheiro, de sentir texturas. Uma única pessoa pode apresentar mais de um ou todos os tipos dependendo do sentido que está sendo estimulado, tato, olfato, paladar, audição ou visão.

É muito importante para as pessoas saberem sobre estes tipos de crises, pois o meltdown é normalmente associado à birras e teimosia, elas podem até terem início nestas duas ações, porém devem ser tratadas de forma adequadas para não causar um sofrimento muito maior na pessoa em crise. O shutdown ocorre com menos pessoas, por isso se ouve falar tão pouco deste tipo de crise. Já o burnout, pode ser confundido com a depressão, como dito anteriormente, ou a pessoa é chamada de "antissocial", por não querer participar de confraternizações, encontros com amigos e até familiares, etc.

É possível prevenir que crises aconteçam, mas para que isso ocorra, geralmente, antes ocorre um episódio ou mais, até que as pessoas responsáveis pelo autista, passam a identificar o que as causam, e à partir da identificação passam a estimular lentamente ou se for o caso, evitam a situação que ocasionou a crise, por isso conhecer e acompanhar de perto o dia a dia deles é extremamente importante.

Para este texto não ficar extenso, no próximo post vou contar sobre as crises sensoriais recentes do Yohan e entrar um pouco mais no detalhe de mecanismos que podem ser utilizados para amenizar ou sair da situação de estresse.


Gratidão


Vanessa Cristina Borato Mafra


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