Evolução até o diagnóstico final.
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Evolução até o diagnóstico final.

Atualizado: 15 de ago. de 2021

Olá, obrigada por estar aqui novamente, lendo sobre nossa história.

Você pode ler os textos já publicados na sequência que preferir, pois um não depende do outro, porém não deixe de ir visitar as publicações anteriores. No final desta página haverá o link dos anteriores para facilitar sua navegação.

O Yohan já estava fazendo as terapias que foram indicadas pela Neuropediatra desde antes do primeiro psicodiagnóstico, durante este período pudemos acompanhar a evolução dele a cada seção. Ele também frequentava a escolinha (Berçário) desde os 5 meses de idade. Tanto a terapia quanto a escolinha eu pessoalmente recomendo para todas as crianças, pois na escola eles possuem acesso à atividades dirigidas individual e coletiva que em casa seria um pouco mais difícil de proporcionar, e nas terapias há as atividades direcionadas para diversas áreas, e com foco nas áreas em que a criança apresenta um pouco ou muita dificuldade, sendo que um complementa o outro no desenvolvimento da criança. A adaptação dele à escola foi tranquila, é um ambiente familiar e ele adora, nunca tivemos problemas tão sérios que tivéssemos que repensar se estava sendo benéfico ou não.

Com todos os estímulos que ele estava recebendo na escola, nas terapias e também em casa, pois sim, é necessário fazer atividades com eles em casa o máximo que conseguir, era possível percebermos as áreas que ele tinha um pouco mais de dificuldade, pois os profissionais nos dão feedbacks sobre as áreas em que ele vai bem e outras nem tanto. E em casa observávamos outros aspectos. Aqui uma observação, em cada um destes ambientes o comportamento das crianças são diferentes, pois são contextos diferentes, isto também influencia na resposta a certas atividades, enquanto um é o atendimento é individual e direcionado, em outro o ambiente é mais coletivo, colaborativo, aonde acontece troca de atividades e de ambientes com muita frequência. E em casa há o afeto, o carinho, amor, dedicação dos pais, algumas atividades a resposta vai ser melhor mas em outras nem tanto, justamente pela sensação de conforto que a criança tem. Em cada um destes ambientes é bem possível que a criança responda de maneiras diferentes a mesma atividade, por exemplo, ao pedir que uma criança pinte um desenho, na escola, talvez ela perca o foco mais facilmente devido à diversos estímulos no ambiente como brinquedos, outras crianças e pessoas, barulho, como há um plano de aula a ser cumprido haverá um pouco mais de insistência do professor para que a criança cumpra com a atividade. Na terapia, devido o atendimento ser individual, o objetivo do terapeuta é que a criança cumpra a atividade de forma que ele entenda que ele precisa fazê-lo, mesmo que não goste muito, mas ao perceber uma resistência maior por parte da criança, é muito utilizado barganhas, como por exemplo, a criança escolhe algo e ganha antes ou após cumprir o que é proposto. Nas escolas é um pouco mais difícil utilizar esse método, mas não é impossível. Em casa as crianças tendem a ser menos flexíveis, mas os estímulos devem ser feitos com muito amor e carinho dos pais, para que ele aprenda a respeitar regras e seguir orientações.

Sobre o diagnóstico de autismo, só é "fechado" quando a criança completa 3 anos, devido ao período de poda neural, falei disto no texto anterior, caso não tenha lido, no final da página há o link para "Marcos do desenvolvimento Infantil". Após completar 3 anos de idade, a Neuropediatra deu um novo encaminhamento para um novo psicodiagnóstico. Ele foi realizado entre Setembro e Novembro de 2020.

Como muitas outras terapias ou consultas médicas, é feito a anamnese, aonde o profissional recolhe dados desde a gestação até aquele momento de aspectos relacionados aos marcos do desenvolvimento e comportamento da criança. Como neste momento haviam mais informações do que no psicodiagnóstico anterior, e também já havia uma avaliação feita, foi foi necessário apenas complementar as informações.

Ele começou a falar as primeiras palavras por volta de 1 anos e 8 meses, atrasado, até aquele momento (3 anos de idade) ainda não tinha sido desfraldado, já havíamos tentado algumas vezes, sem sucesso e estávamos em uma nova tentativa.

Referente a alimentação tinha preferência por comida salgada, não se interessava muito por doces de qualquer tipo. Ele não aceitava, e não aceita ainda, algumas texturas de comida, as mais lisas como clara do ovo cozido, e champinhom, sabores azedos, saladas, a única fruta que aceita é a banana, as demais só em sucos, menos as cítricas. Não permanecia e ainda não permanece sentado para comer, tem muita agitação motora, não foca na comida, se distrai muito facilmente com coisas ao redor, se esquecendo de comer. Na época era pior, como ele ficava em período integral na escola, pois eu e meu esposo trabalhávamos o dia todo, frequentemente vinha que ele havia comido pouco ou não havia almoçado na escolinha, quando são mais pequenos eles são alimentados, mas quando maiores a escola começa a estimular as crianças a comerem sozinhas, ainda hoje é bem difícil alimentá-lo quando estamos em um lugar novo, como restaurantes, casa de outras pessoas que não vamos com frequência.

Não tinha, apesar de já ter melhorado um pouco, e não tem medo de nada, não tem noção de situações perigosas, como correr para a rua, altura, objetos perigosos, os autista possuem menos essa noção de perigo e medo do que crianças atípicas. Ele chupa o dedo desde 6 meses de idade, ele iniciou a chupar o dedo depois que ele começou a frequentar a escolinha, eu penso que por falta do peito, que até antes ele era amamentado exclusivamente no peito. Ele elegeu uma toalha de rosto que temos desde por volta de um ano de idade mais ou menos como a sua preferida, a textura desta toalha é diferente das toalhinhas que ele tinha de boca, todas as vezes que ele fica frustrado ou com sono ele pega a toalha e chupa o dedo, só dorme assim também. Até hoje ele costuma adormecer na minha cama, abraçado comigo, quando muito cansado ele adormece aonde estiver, e sem a necessidade de estar no colo ou abraçado.

Ele é bastante teimoso, tem bastante crise de teimosia, principalmente quando fica frustrado com algo ou alguém. Desde bebê ele gosta muito de pular, ele pulava no chiqueirinho, enquanto não estivesse cansado, ao ponto de dormir, ele pulava sem parar, eram horas, e na época deste psicodiagnóstico ele pulava muito no sofá. Autistas pulam muito mais e com mais frequência que crianças típicas. Ele nunca teve problemas para se relacionar com as pessoas, não estranha ninguém, nem desconhecidos, é bem simpático, tem boa relação com as crianças, apesar de se relacionar de forma um pouco diferente do adequado para a idade.

A Escala CARS foi novamente aplicada, a pontuação atingida foi de 29 que é considerado normal, acima de 30 é considerado autismo leve ao moderado, e acima de 37 autismo grave, no CARS do primeiro psicodiagnóstico deu a pontuação de 32, essa variação ocorre devido ao aprendizado de algumas habilidades que na época do primeiro ele não tinha, em várias fazes da vida da criança poderá haver uma variação na pontuação ao compará-los.

Outro instrumento utilizado foi o Protea R, que sistematiza entrevista com os pais e observação clínica para rastrear comportamentos presentes em crianças no Espectros Autista. A pontuação adquirida foi 9, que indica risco para o TEA (Transtorno do Espectro Autista). Segundo o laudo, em sessões clínicas foi observado que ele foi prestativo, curioso, agitado, e animado, aceitando bem realizar as atividades que foram propostas. A atenção dele só era compartilhada quando era algo do interesse ou quando oferecia algum benefício. Explorou vários brinquedos, porém não conseguiu permanecer e se concentrar por muito tempo em uma atividade, poucas vezes compartilhou a brincadeira, brincou sozinho e não pedia ajuda nem convidou espontaneamente os pais ou a terapeuta para brincar junto. Explorou pouco outras formas de brincar com determinados brinquedos, sendo repetitivo. Quanto ao contato visual, mantém por pouco tempo e dá mais atenção aos objetos de interesse do que compartilhar a sua atenção com as pessoas. Buscou contato físico de forma espontânea, pedindo colo do profissional. Brincou com alguns brinquedos de forma disfuncional, enfileirando e separando por cores. Alguns brinquedos brincou de forma funcional, porém sem manter o foco por muito tempo em uma única atividade. Foi dependente do adulto em algumas atividades na qual crianças da mesma idade já realiza sem auxílio. No relatório preenchido pela escola, foi identificado que ele tinha dificuldade de nomear o que faz, algumas tarefas, objetos e pessoas. É bem hiperativo e com dificuldade em aguardar a sua vez nas brincadeiras na qual ele tem interesse porém tem que ser compartilhada com os demais colegas. A conclusão foi de que mesmo com a anamnese e escala CARS com pontuação abaixo do Autismo nível 1, ou seja, pontuando como uma criança típica, é de se considerar a hipótese disgnóstica para o TEA, pois apresenta outros comportamentos que estão dentro dos critérios para o diagnóstico do autismo conforme o DSM-5 (O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5 é um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais. Usado por psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e terapeutas ocupacionais).

Critérios do DSM-5 para diagnóstico de autismo. "Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, e dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal, ou déficits na compreensão e uso de gestos a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas, ou em fazer amigos a ausência de interesse por pares. Nível de gravidade para Interação / comunicação social: Nível 1 (necessita de suporte): Prejuízo notado sem suporte; dificuldade em iniciar interações sociais, respostas atípicas ou não sucedidas para abertura social; interesse diminuído nas interações sociais; falência na conversação; tentativas de fazer amigos de forma estranha e mal-sucedida. Comportamento restritivo / repetitivo: Nível 1 (necessita de suporte): Comportamento interfere significativamente com a função; dificuldade para trocar de atividades; independência limitada por problemas com organização e planejamento. "

A partir deste psicodiagnóstico foi possível a Neuropediatra fechar o diagnóstico de TEA nível 1 (precisa de suporte), quanto as terapias foi orientado a continuar com as seções de fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicoterapia de preferência com a metodologia ABA (Análise do comportamento aplicada).

Como esse texto ficou bem grande, vou ficando por aqui, espero que tenham gostado, deixem comentários, dê um "gostei" caso tenha gostado do conteúdo e compartilhe em suas redes para disseminarmos a informação, para que mais pessoas tenham conhecimento deste mundo atípico.

Gratidão


Vanessa Cristina Borato Mafra


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